Uma dúzia de manhãs depois da morte de sua filha, Maria Julieta, o coração de Drummond parava. Em agosto de 1987, o Poeta Maior morria de saudade. Assim, simplesmente. Morria. No atestado de óbito, problemas cardíacos.
O que fez do amor de Drummond um peso que o coração dele não pôde suportar foi a sacal idéia de não conseguir deixar para trás algo que julgamos interrompido, não terminado. Nada mais natural. Instintivo, até. Sempre buscamos conservar ao nosso redor aquilo que nos mantêm eretos.
E antes desse ser um peso que se escolha carregar ou não, ele se mostra ser o tipo de tormento que carregamos por não saber o que fazer com aquilo. Saudade, meu povo, é uma dor cega, tropeçando por dentro da gente.
Uma dor que mata, mata mesmo de verdade, e mata a esmo, mata silenciosa.
Então eu confesso que, confesso que não posso nem quero, nem tenho mais estrutura ou cabeça, que meu corpo já não agüenta mais saudade. Que eu já conto, invariavelmente, meus dias em dúzias.
O fim só pode ser um, e que me desculpe Drummond, não será o meu.
O que me interessa hoje é que tudo ao meu redor adormeça, e eu tatue e costure uma única verdade do lado de dentro do meu corpo inteiro, pulsando e repelindo a saudade como se repelisse a um vírus. Na tatuagem e no bordado, uma frase simples: “home is where your heart is”.
[inclusivemente, venho aqui deixar registrado a minha alegria ao ver a recomendação ao Calo na Orelha no blog dela. O que não é a blogosfera, não é mesmo, minha gente?]
[inclusivemente II, aproveito para avisar ao povo que lá no Calo na Orelha tem uma resenha sobre a Amy Winehouse...]
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