a funky experience

i want to
i want to be someone else or i'll explode
floating upon the surface for
the birds, the birds, the birds

quinta-feira, 26 de julho de 2007

 
Bombarda Maxima

Desconheço mal que não tenha cura e bem que não se acabe um dia. Já tive e tenho alguns vícios odiosos e como disse o passado do verso aqui atrás na frase, alguns deles me abandonaram.

Mas como me comportar diante do que posso dar vários nomes, mas em nenhum deles ser tão politicamente correto como ser chamar de paixão? Então como me portar diante da balburdia boa e tamanha provocada pelas tais fotos do último livro do maguinho Harry Potter, o “and Death Hallows”, da autora inglesa J K Rowling?

Longe de passar perto da escruciante discussão do que é paixão, baseada na efemeridade e força, e do que é amor, perene e sereno, ainda que latejante como ereção de menino novo, afirmo a mim mesmo, interessado médio na vida do bruxo, que tudo isso me dá medo. E embora dê medo, não me afasta. De jeito nenhum. Li apenas um dos livros da série, julgado por amigos mais próximos da saga como um dos piores, mas assisti todos os filmes, com certa empolgação e fascinação por aquele mundo que me remetia a um Senhor dos Anéis para infantes.

Nada disso. De épico, sei lá se Harry Potter tem pouco ou muito, mas a saga de seus fãs por qualquer migalha que informe um futuro para a série [estranha construção, se a heptalogia chegou ao fim...] tem para vazar nos bolsos. Num tilintar de cristal, como se repercutisse numa caixa de sapatos perfeita, todo o mundo sabia que as tais fotos tinham vazado. O livro final estava ali, pronto para ser dissecado.

E o foi prontamente. Avisos e mais avisos nos nicks da minha lista de contatos no MSN avisavam dos 12 trabalhos de Hércules revisitados e ampliados para 34 em capítulos que, sim!, traziam o estilo da autora, que sim!, tinham muitos detalhes para ser apenas um fake qualquer, que sim!, matavam inúmeros personagens, que sim! Eram carregados de emoção e aventura.

E enquanto leões, estábulos, hidras e medusas não eram prontamente vencidos, nada mais existia ao redor. Nem Pan, nem TAM, nem Renan... tudo ficara sublimado pelo tão sonhado momento das palavras finais. Antes, durante e provavelmente, por muitos anos depois, noites e noites sem nenhum sono vieram e virão.

Antes de chegar a Teresina de férias, eu cheguei ao fim da série de desventuras que os irmãos Baudelarie, de Lemony Snicket. Distante como a terra prometida de se comparar ao sucesso de HP, considero Desventuras em Série bem inferior à série exaustivamente supracitada. O enredo se repete em fórmulas diferentes, o estilo do autor não evolui, embora fosse muito interessante virar a página e se deparar com mais uma crise absurda na sorte dos três irmãos. Do que vem e pelo que vai, decidi que valia a compra dos 12 volumes seguintes ao presenteado primeiro, o Mau Começo.

A cada lançamento de livro, nenhum burburinho. Apenas um filme foi realizado baseado na série, e ainda abocanhando três volumes de uma vez. Nada de fotos secretas, de traduções angustiantes madrugada adentro, gente se atirando de pontes pelo primeiro volume ou citações em Diabo Veste Prada. A argumentação primeira leva a exprimir que se nada disso acontece é por que Harry Potter realmente comanda. E eu não ouso discordar disso. Tenho na minha estante uma coleção perdedora, que não convenceu quase ninguém.

Mas o que me preocupa é a agonia que o fim já tão esperado, sabido e programado causou em tantos. Desconheço mal que não tenha cura e bem que não se acabe um dia, e não minto. Para mim, virar a última página das Desventuras em Série de Violet, Klaus e Sunny foi doloroso mas um adeus necessário. As coisas não podem se arrastar para sempre, nem durarem apenas por nossa vontade.

Seja paixão, obsessão, amor ou descrença do life goes on, a vida tem que seguir. O que o rapaz de 23 anos que marcou a ferro quente um raio na testa vai fazer quando descobrir que Harry Potter já não faz tanto sentido? Se arrepender? Espero que não. Embora possa e vá parecer contraditório, é preciso guardar as boas lembranças para seguir em frente. Procuremos outros vícios que nos arrastem por sete anos a fio, que nos ceguem, que nos amordacem. Mas essa histeria toda já cansou, mesmo que no fim fique tudo bem.

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