Bandini lifestyle
"Uma noite, eu estava na cama do meu quarto de hotel, em Bunker Hill, bem no meio de Los Angeles. Era uma noite importante na minha vida, por que eu precisava tomar um decisão quanto ao hotel. Ou eu pagava ou eu saía: era o que dizia o bilhete, o bilhete que a senhoria havia colocado debaixo da minha porta. Um grande problema, que merecia atenção aguda. Eu o resolvi apagando a luz e indo para a cama"
[John Fante - Pergunte ao Pó]
É inerente à minha pessoa a incapacidade de me preocupar com as coisas ao ponto de perder o sono. Eu interpreto isso como um dom. Desde a época da escola, quando eu tinha provas filhasdaputa das quais dependiam minhas férias, passando pelas crises em namoros [a não ser quando envolviam certos períodos do mês, que aí é já é demais...], responsabilidades do estágio, até chegar aos prazos do projeto de conclusão de curso e da especialização... quase nada tem a capacidade de me roubar aquelas 3, 4, 5, 6, 7, 8 horas de sono.
Claro que às vezes eu me forço a ficar acordado para resolver pendências, mas insônia ligada a preocupações é o tipo de fantasma que não me ronda.
Cheguei a pensar nisso como insensiblidade, desrespeito, sei lá. Falta de tato, até. Mas como já dito, hoje interpreto isso como um dom. Ao que parece, o sono é a coisa mais simples de ser perdida, e quase nunca reencontrada.
O meu permanece aqui. Vence problemas de verdade e até aqueles que a gente inventa pra achar que tem alguma coisa errada.
Então, com sua licença, assim como meu amigo Arturo, vou aqui apagar a luz e respeitar meu sacrossanto dom.
A senhoria que se foda.