Como somos cabas da peste!O melhor conselho que me deram quando eu vim pra essa cidade do capeta foi da minha vó. Ela disse, daquele jeito mansinho dela, que era preu tomar muito cuidado com a cidade, por que na minha terra eu conheço tudo. Aqui a terra é dos outros, um lugar totalmente desconhecido. Campo inimigo, quase.
A parte do campo inimigo é minha, adição de quem anda por aqui vigiando até a própria sombra.
E é aí que começa a história do meu show do ano. Primeiro por que ele tem uma história massa pra caralho. E segundo por que foi mesmo um show muito foda.
No sábado, depois de ver Alceu Valença e Teatro Mágico [esse já com a
Rine e a Pri], fomos pra casa [paramos num barzinho no meio do trajeto] e lá deixei a porra do meu casaco. Tudo bem, isso não faz tanto parte da história.
Maaaaaas, no outro dia, acordamos e sentimos a preguiça de ir ficar no sol lá no Vale do Anhangabaú vendo o Pato Fu. Sim, era um show que eu deveria ter visto, mas não vi... Fazer o que...
Daí que eu preferi procurar o caminho pro show do Cordel com a Special K. Ficamos em casa, avisei minha miguxa da especialização sobre onde seria o show e resolvemos o itinerário. O show seria na ZS, num bairro chamado Pedreira...
Claro que o plano tinha que dar certo, né? Entramos no primeiro busão, falei com a Rosa, descemos no meio do trajeto pra pegar outro busão. Esse foi o que rodou maravilhas... Passa estrada, passa boiada, acabaram as estações de metrô, cada curva ficava mais feio o negócio...
E não era, nem nunca foi, um preconceito com o ambiente, com o fato de, de repente, descobrirmos que o show seria numa favela. Contra isso, sem problemas. A questão era o tal do conselho da minha avó... Em Teresina, a favela ainda seria minha terra, talvez eu conseguisse me virar. Mas e a loucura e pandemônio midiático do que são as favelas em Sampa ou no Rio? Meu fi... o negócio começou a trancar...
Mas o bom mesmo foi quando descemos do busão... Descemos no ponto errado, caminhamos até uma tal rua. Nela entramos à esquerda e tome descer ladeira. Ao fim desta, mas caminho à direita... Mais à frente, bifurcação... “Pronto... tamo fudido!”, pensei. E caminha, caminha, caminha... vou lá perguntar de novo... “Moço, onde fica o Parque Sete Campos?”... “Num é parque não, meu filho....é essa região todinha aqui...”
Ma-ra-vi-lha...
Depois dessa descoberta, só me restou perguntar sobre o lugar do show. “Ta vendo aquela viela ali? É só entrar nela...”
Seeeeeeeiiiiii... Lá fomos nós... eu e Karine, firmes e fortes. Atravessamos um esgotão a céu aberto por uma ponte de tábua e tratamos de ligar pra todos os nosso amigos, nos despedindo...
Vejam pelas fotos como o lugar era legal, hein...
Mas começado o show, tudo foi esquecido, casacão, trajeto, favelão... O Lirinha continua foda, foda, foda... E as músicas são aquelas coisas... até as que você não conhece te fazem arrepiar...
No fim do show... nada melhor que ir embora mais rápido que uma bala... e assim fizemos... saímos do local do show, caímos de novo na rua e pegamos o primeiro ônibus que vinha escrito Jabaquara. Depois de rodar meio mundo, nada melhor que chegar numa estação de metrô. Nada melhor.
Só mesmo o show do
Cordel.