É uma esculhambação[ABRE ASPAS] Dona da voz e dos shows???
O ano fonográfico começa sob o signo do envolvimento das gravadoras no esquema empresarial dos artistas que abrigam sob seus cada vez mais frágeis tetos. É tendência irreversível anunciada há algum tempo, já posta em prática por algumas companhias independentes e que, em 2007, deverá começar a ser concretizada também entre as majors. Em bom português, como o mercado de vendas de CDs e DVDs vem encolhendo progressivamente (a queda foi de 25,5% em 2006), as gravadoras vão querer uma fatia do bolo arrecadado com o sempre aquecido comércio de shows.
O argumento é que, se investem nos artistas, com despesas que incluem as chamadas "verbas de marketing", as companhias teriam legítimo direito a uma parte da receita obtida com shows feitos a partir desta promoção. Ora, a questão é bem discutível. Primeiro, porque as multinacionais sempre ficaram com a parte do leão nas vendas de discos e com as próprias obras em si. Enquanto o mercado ia bem, ninguém questionou a (in)justiça dessa divisão que somente visava o interesse das companhias em detrimento do artista, o criador dos discos. Por que mudar as regras do jogo agora? Segundo, porque nem sempre o investimento alardeado pela gravadora surte real efeito.
Caso exemplar é o do grupo Roupa Nova, que, enquanto estava na Universal Music, gravou discos que nunca receberam investimento condizente com a popularidade do sexteto. Bastou o grupo sair da major e abrir seu próprio selo para que suas vendas voltassem a ficar gordas como na década de 80. Seria justo a gravadora lucrar com shows de artistas pelos quais, a rigor, fazem bem menos do que alardeiam? Cabe aos artistas se organizarem para não deixar que o anunciado domínio se estabeleça. [FECHA ASPAS]
Extraído do
blog do Mauro FerreiraÉ mole ou quer mais?!